“A fé remove montanhas!” repete o ditado popular... O teólogo
contradiz o adágio e refaz o conceito: “a
fé não remove montanhas mas antes, a palavra determina o milagre...”
E o filósofo retoma a reflexão
para qualificar a escolha da palavra como a mola mestra do acontecimento. O
povo, o teólogo, o filósofo, epígrafes do pensamento ocidental. Risível maneira
de criar linguagens e traduzir intenções. Enquanto o primeiro crê, o segundo
afirma o dogma para que o filósofo possa abstrair a idéia.
Na visão oriental entretanto, é o
gesto que fortalece a palavra; e o que ela quer dizer depende da integração com
a Natureza. Tudo primando pela espontaneidade e principalmente, pela naturalidade.
Na Antiguidade, lá onde a vida
humana tem a sua origem, o gesto antecedeu a palavra.
E, é o seu aparecimento o
responsável pela diferença entre o homem e os animais, desde então.
A vida contemporânea ao
contrário, celebra a hegemonia da fala sobre o desempenho corporal e coloca o
discurso como o lugar onde o poder se constitui.
Pela palavra constrói-se ou
destrói-se a ordem humana. No amor ou na guerra a declaração é quem faz a
escolha. Ela, a palavra, revela ou esconde certezas, verdades, mentiras e todos
os sentimentos alojados na alma humana. Ela acalma ou acelera movimentos;
sussurra ou alardeia notícias. Falada, escrita ou omitida lá está, no centro
das atenções, a soberana na cadeia de comunicação entre o homem e o mundo, nas
mais diversas manifestações do entendimento/desconhecimento.Tímida ou loquaz, a
palavra define a sua majestade na função.
A vida da palavra garante e
registra a eternidade da ação humana. Ao mesmo tempo também se eterniza nesta
ação porque é através do humano que a palavra cria e dá vida ao evento,
realizando liberdade e aprisionamento na construção do processo civilizatório.
O homem e a palavra. A palavra e
o homem – movimento dual de efeito quântico, porquanto só existe na
metalinguagem onde a surpresa não se importa se a palavra é “letra morta” e,
proclama vida, na energia do encontro/desencontro do todo e da parte.
Numa compreensão holística, a
vida da palavra confunde-se com a morte do seu significado; e ela, a palavra, é
escolhida como tema de redação para premiar os humanos que fingem entender a “vida da palavra!!!”
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