sábado, 6 de abril de 2013

A Vida da Palavra


“A fé remove montanhas!” repete o ditado popular... O teólogo contradiz o adágio e refaz o conceito: “a fé não remove montanhas mas antes, a palavra determina o milagre...”

E o filósofo retoma a reflexão para qualificar a escolha da palavra como a mola mestra do acontecimento. O povo, o teólogo, o filósofo, epígrafes do pensamento ocidental. Risível maneira de criar linguagens e traduzir intenções. Enquanto o primeiro crê, o segundo afirma o dogma para que o filósofo possa abstrair a idéia.

Na visão oriental entretanto, é o gesto que fortalece a palavra; e o que ela quer dizer depende da integração com a Natureza. Tudo primando pela espontaneidade e principalmente, pela naturalidade.

Na Antiguidade, lá onde a vida humana tem a sua origem, o gesto antecedeu a palavra.
E, é o seu aparecimento o responsável pela diferença entre o homem e os animais, desde então.

A vida contemporânea ao contrário, celebra a hegemonia da fala sobre o desempenho corporal e coloca o discurso como o lugar onde o poder se constitui.

Pela palavra constrói-se ou destrói-se a ordem humana. No amor ou na guerra a declaração é quem faz a escolha. Ela, a palavra, revela ou esconde certezas, verdades, mentiras e todos os sentimentos alojados na alma humana. Ela acalma ou acelera movimentos; sussurra ou alardeia notícias. Falada, escrita ou omitida lá está, no centro das atenções, a soberana na cadeia de comunicação entre o homem e o mundo, nas mais diversas manifestações do entendimento/desconhecimento.Tímida ou loquaz, a palavra define a sua majestade na função.

A vida da palavra garante e registra a eternidade da ação humana. Ao mesmo tempo também se eterniza nesta ação porque é através do humano que a palavra cria e dá vida ao evento, realizando liberdade e aprisionamento na construção do processo civilizatório.

O homem e a palavra. A palavra e o homem – movimento dual de efeito quântico, porquanto só existe na metalinguagem onde a surpresa não se importa se a palavra é “letra morta” e, proclama vida, na energia do encontro/desencontro do todo e da parte.

Numa compreensão holística, a vida da palavra confunde-se com a morte do seu significado; e ela, a palavra, é escolhida como tema de redação para premiar os humanos que fingem entender a “vida da palavra!!!”

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