sábado, 6 de abril de 2013

Orelha do Livro Loucuras da Internet de Cláudia Carioly


Feito em 13 de Julho de 2003 a pedido dessa grande amiga

Na matemática existem os números pares, os números impares e, os números primos...

Os números primos sempre me intrigaram. Por serem independentes. São quase malditos para as operações complexas. Por serem absolutos. São até abençoados nas funções aritméticas. E, por serem irrelevantes. Quantas vezes são considerados descartáveis nos cálculos avançados.

Pessoas também correspondem a tal classificação.

Os seres humanos pares logo se acasalam. Os ímpares por outro lado, passam a vida “galinhando”. E, os incompreensíveis seres humanos “primos” perseguem o insólito e tratam com muita sofisticação as suas preferências.

Cláudia Carioly, com certeza está na categoria dos “primos” e, com total desenvoltura “viaja” nos meandros da vida, sempre buscando as linhas sinuosas dos teoremas de Laplace.

Assim, ao enveredar pelas “loucuras da internet”, não tem nenhum pudor em “inventar” hipérboles e parábolas, para explicar o ser humano...

Sua obra despretensiosa e simples mas, de doce e sutil promessa, é como uma grande “window” a deslumbrar paisagens das “little windows” que pretendem esconder-mostrando, a intimidade das almas, atrás de venezianas virtuais.

Suas descobertas também são mistério e, colocam a escritora “cara a cara” “tela a tela” ou “teclado a teclado” com seus semelhantes, sem vergonha ou preconceito, assinando seu “Nick” preferido – CORAGEM.

A Vida da Palavra


“A fé remove montanhas!” repete o ditado popular... O teólogo contradiz o adágio e refaz o conceito: “a fé não remove montanhas mas antes, a palavra determina o milagre...”

E o filósofo retoma a reflexão para qualificar a escolha da palavra como a mola mestra do acontecimento. O povo, o teólogo, o filósofo, epígrafes do pensamento ocidental. Risível maneira de criar linguagens e traduzir intenções. Enquanto o primeiro crê, o segundo afirma o dogma para que o filósofo possa abstrair a idéia.

Na visão oriental entretanto, é o gesto que fortalece a palavra; e o que ela quer dizer depende da integração com a Natureza. Tudo primando pela espontaneidade e principalmente, pela naturalidade.

Na Antiguidade, lá onde a vida humana tem a sua origem, o gesto antecedeu a palavra.
E, é o seu aparecimento o responsável pela diferença entre o homem e os animais, desde então.

A vida contemporânea ao contrário, celebra a hegemonia da fala sobre o desempenho corporal e coloca o discurso como o lugar onde o poder se constitui.

Pela palavra constrói-se ou destrói-se a ordem humana. No amor ou na guerra a declaração é quem faz a escolha. Ela, a palavra, revela ou esconde certezas, verdades, mentiras e todos os sentimentos alojados na alma humana. Ela acalma ou acelera movimentos; sussurra ou alardeia notícias. Falada, escrita ou omitida lá está, no centro das atenções, a soberana na cadeia de comunicação entre o homem e o mundo, nas mais diversas manifestações do entendimento/desconhecimento.Tímida ou loquaz, a palavra define a sua majestade na função.

A vida da palavra garante e registra a eternidade da ação humana. Ao mesmo tempo também se eterniza nesta ação porque é através do humano que a palavra cria e dá vida ao evento, realizando liberdade e aprisionamento na construção do processo civilizatório.

O homem e a palavra. A palavra e o homem – movimento dual de efeito quântico, porquanto só existe na metalinguagem onde a surpresa não se importa se a palavra é “letra morta” e, proclama vida, na energia do encontro/desencontro do todo e da parte.

Numa compreensão holística, a vida da palavra confunde-se com a morte do seu significado; e ela, a palavra, é escolhida como tema de redação para premiar os humanos que fingem entender a “vida da palavra!!!”