domingo, 3 de abril de 2011

23 DE MARÇO DE 2011 - ONDE ESTÁ O ANIVERSARIANTE?

Relutei, relutei até render-me ao dia 23 de março. Um aniversário sem aniversariante.
Nascido Geraldo Trindade de Castro Araújo. Primogênito filho de Marita e Allyrio. Neto de Celina Alves Costa e Pedro Marianno de Castro Araújo. Aliás, o vovô Pepê foi o grande responsável pelo Trindade que nunca representou o agrado de Dr. Geraldo. Lembro-me dos truques que ele usava para ocultar o que considerava de mau gosto. Usava T. (tê ponto) quem sabe já antevendo o atual ponto com, ponto br (.com.br). Seu Pepe fez promessa à “Santíssima Trindade”. Prá que? Nenhuma resposta o convencia do porque mamãe e papai obedeceram ao “velho...” Coisas de antigamente...!? Eu, por exemplo, sou Maria do Carmo por nascer no dia da Santa – 16 de Julho – dia de Nossa Senhora do Carmo. Até parece coisa do tempo dos descobrimentos – dia de São Roque – ilha do mesmo nome. Recebemos os nossos nomes tais e quais os acidentes geográficos da costa brasileira, no passado distante. Tradição portuguesa???

Bem, voltando ao dia 23 de março. Era o dia!! Quem conheceu o Dr. Geraldo sabe de sua excentricidade... Mais de três pessoas, já significava uma multidão. Todos nós parentes e amigos esperávamos o aniversário do Dr. Geraldo para nos aproximarmos dele.

Só que, por trás desta armadura de mau humor existia um desejo inexplicável de notoriedade e importância. Alguns traduziam sua inacessibilidade como timidez. Outros, como um jeito “ranzinza”. Tudo isso levava, principalmente as crianças a temerem “o monstro”. Mas tarde os netos Gabriela e Lucas desfizeram esse mito. Liberdade para aconchego marcou o relacionamento dos miúdos com o vovô. Era muito lindo ver as defesas do Dr. Geraldo todas abertas aos caprichos de Gabriela, sobremaneira.

O fato é que por onde meu “Adi” transitava seu aniversário sempre era comemorado em alto astral. Na Unimed, onde emprestou seu talento de administrador por muitos anos, às homenagens de 23 de março tornaram-se data certa na agenda da Instituição.

Geraldo desde o seu nascimento já era alguém intrigante. O dia 23 de março de 1940 foi um sábado de aleluia por isso quando crianças eu aproveitava para implicar com ele: “- Há! Há! Você nasceu no dia de malhar o Judas!”. Era um ponto fraco bobo, mas que incomodava e fazia-o perder a pose de poderoso frente a mim!!!.

Esse meu irmão era uma figura! O que tinha de inteligente tinha de misterioso.

O fato é que um certo sortilégio acompanhava sua enigmática “persona”. Muito temido. Muito amado. Muito sério. Muito marcante. Por onde exerceu o seu ofício, surpreendeu e despertou respeito e admiração...

Médico anestesista escolha não muito entendida por D. Marita que esperava dele uma especialidade mais glamorosa como cirurgião, dizia ela. Mas, o amigo Dr. Abílio, quem o convidou para ingressar na equipe, sempre o elogiava por suas qualidades e caráter. Muito realizou pelos companheiros médicos e funcionários em geral e, principalmente por todos os que desfrutaram de sua habilidade como anestesista.

Viveu assim anestesiado contra a mediocridade e a falta de padrão. Honrou o diploma concedido pela Universidade Federal Fluminense onde praticou suas atividades acadêmicas. Teoria, prática e, uma férrea consciência político-ideológica acompanharam sua juventude.

Nesse ano da graça de 2011 o dia 23 de março não teve aniversário. Onde está o aniversariante? Quem sabe na eternidade seremos aptos para decifrar as dúvidas existenciais que envolvem os humanos desde os primórdios da vida. E, então nos reencontraremos com Jesus!

Porém, um consolo nos inspira a continuar no mundo. É que os corações de todos nós que direta e indiretamente estamos ligados a você abrigam a sua memória e vão continuar batendo acelerado por todos os 23 de março que ainda por aqui porfiaremos.

Na perenidade da vida o importante é reconhecer aqueles, os quais por sua trajetória integram a galeria dos benfeitores da humanidade. Pela lisura. Pela honradez de suas condutas. Você é um deles indubitavelmente, meu querido irmão “Adi”.

Que os anjos digam: “Ave Doutor!”.